A ERA CINZA

Os relatos sobre a Terceira Era apontam que se vivia um tempo onde todos tinham inimigos em comum. Mortos-vivos, tiranos, feiticeiros, demônios… Mas tudo isto deixou de ser tão certo quando testemunharam o que parecia ser um vulcão alado explodindo em magma passando por suas nações, sem uma migalha de esperança de que houvesse freios para O Colossal Dragão Vermelho e Mentor do Fogo.

Atraído pelo poder emanado ao despertar de Alvas, Tuz atravessou o mundo. Partindo de sua cama, o Deserto Vermelho, indo até o continente de Alarve, o berço dos Animalescos. Por onde ele passava, os ventos paravam, o céu parecia arder, o mar recuava com medo, o chão tremia abrindo como uma fruta madura, magma chovia em tudo o que estava vivo, destruindo o que os humaníres tentaram construir. Onde quer que O Dragão-Titã Vermelho passasse, seria o fim de tudo o que estaria em seu caminho. Famílias, amigos, clãs, cidades inteiras reduzidas a pó. Muitos morreram apenas em olhar o clarão de seu sopro.

Entendendo que seria incapaz de derrotar este Titã de poder imensurável, Alvas recorreu ao Mais Velho dos Dragões para negociar uma forma de frear Tuz. O preço pago pelo Arcelich não é conhecido, mas sabe-se que esta troca o enfraqueceu de certa forma, adormecendo Tuz mais uma vez, porém prendendo Alvas ao novo local de descanso do Titã Vermelho, amaldiçoando o continente separado das Terras dos Humaníres pelo Oceano Inclemente.

Os Animalescos são considerados por muitos o povo que mais sofreu nesta Era. Por muito tempo viveram apenas seguindo as leis criadas por Curaviz e gozando o balanço que a Natureza havia criado para eles, quase sem se envolver com os eventos que acarretaram a Segunda Era e Terceira Era sem sequer saber que há muito tempo usaram sua casa, uma terra distante, para o local onde o Arcelich seria adormecido pela primeira vez. O voo de Tuz não só despertou Alvas, como também trouxe O Mentor do Fogo até suas terras, causando a ruína de muitas das pequenas civilizações que começavam a despertar em Alarve.

Os eventos já discorridos ainda não eram o bastante para expor todo o sofrimento dos Animalescos. Com o duelo entre Alvas e Tuz colocando ambos em um estado de descanso pouco entendido na época, os Dragões Cromáticos que eram mais novos apenas do que os Mentores dos Elementos se reuniram com aventureiros daquela época e desenvolveram um plano. Esta elaborada ação tiraria Alvas de sua morada protegida pela própria magia e o traria a um santuário arcano construído para suprimir a magia do Arcelich, para que estes irmãos dragões pudessem derrotá-lo e absorver seu poder. Acontece que, um dos irmãos, o mais velho dragão negro, mais novo apenas que Eru traiu os dragões durante a execução do plano para destruir o Arcelich, entregando seu corpo dracônico e dos outros irmãos a Alvas, absorvendo seus poderes mágicos e transferindo-os ao seu receptáculo de Sangue-Dracônico que agora vagaria o Concordeal livremente e com enormes poderes. Se esta ação já não era terrível o suficiente, Alvas em posse de cinco dragões cromáticos foi capaz de usar dos conhecimentos adquiridos do Sem Rosto e criar Tiamat. Esta forma de corpo dracônico e cinco cabeças seria a General do Arcelich, uma aberração que carregaria os poderes de 5 Aspectos dos dragões em um só corpo. Tiamat estaria se preparando para atravessar o Oceano Inclemente sob o comando de Alvas, liderando A Nova Legião dos Abandonados e levando a destruição para o restante das terras do humaníres.

Alguns dos Dragões mais velhos observaram com certa atenção os acontecidos. Oris, O Mentor das Tempestades, abriu brevemente Oceano Inclemente para que os Animalescos sobreviventes pudessem atravessar para terras seguras. Depois, fechou novamente tal passagem e começou a conduzir inúmeras e imparáveis tempestades as quais nem mesmo A General do Arcelich poderia sobrepor. Tomando o partido dos humaníres junto ao Titã-Azul estaria Akar criando barreiras de geadas junto as tempestades do irmão que segurariam Tiamat pelo tempo que pudessem, até que os sobreviventes dos eventos desta Era pudessem se re-erguer e enfrentar estes males.

Enquanto este momento não chegava, havia muito o que fazer, muito precisava ser reconstruído, repopulado. Algumas gerações se passaram antes dos humaníres conseguirem reconstruir partes de seus lares para acolher os sobreviventes das catástrofes que deram início a esta Era. As cinzas deixadas pelo voo de Tuz fizeram com que um longo período de fome devastasse a terra antes desta tornar-se fértil novamente. Os ventos mudaram. As marés e os mares não eram os mesmos. Locais frios se tornaram quentes. As terras vagarosamente foram populadas com a prole dos sobreviventes e as nações se reergueram em seus próprios termos.

Com parte dos povos ainda receosos no uso da magia dados os acontecimentos na Era da Tirania, vários galhos da tecnologia nunca explorados passaram a se desenvolver. Algumas vertentes que misturavam magia e tecnologia também passaram a existir em suas mais variadas formas. Agora, este terreno também estava fértil.

Mas com esta fertilidade, novos problemas nunca vistos surgiram ante a disputas de terrenos e recursos em certas nações. Magia e tecnologia custam, e custam caro. As nações não desejavam se desvencilhar de conhecimentos mágicos adquiridos com tanto suor e depois de tanta luta, mas também não querem ficar para trás quando a ciência finalmente parece quebrar a barreira de soluções antes trazidas apenas pelos sortilégios de um conhecimento de natureza elitista...

Com o surgimento da tecnologia de pólvora e carvão, o vapor e o arcano se misturam na esperança de que nossos esforços sejam suficientes para parar Tiamat quando o momento se apresentar. Sem saber se daqui para frente estaremos vivendo dias mais claros ou mais escuros, nós chamamos esta de: A Era Cinza.